Ao amanhecer, os primeiros raios de sol vão queimando timidamente a areia preta, dos pés cansados de um homem que chora aos soluços. Desesperado olha para cima, com os olhos fechados a espera que caia um resposta para o seu dilema.
Cansado vai sucumbindo ao seu sofrimento e recorre a tudo que está fora dele para solucionar o seu problema. Mas esqueceu-se do principal: o seu coração!
Mas este parou de falar com ele quando ele parou de ouvir os seus instintos, está surdo com os ouvidos tapados para as opiniões dos outros, do pensamento dos outros e das vontades dos outros.
Em frente dele um pouco acima está um ser deslumbrante com a forma de uma mulher, de dreads a flutuarem a sua cabeça cheia de luz e calor um calor aconchegante, a olhar para ele com ternura e amor.
Mas não é um amor qualquer como desses que andam por aí, é um amor que só o espírito pode reconhecer, é um amor sem a barreira do tempo, que teve um princípio mas jamais terá um fim. Um amor que não espera nada em troca porque dar é a manifestação mais sublime de oferecer-se com amor para quem se ama.
Os seus olhos abrem-se e deparam com esse ser cheio de amor, com um olhar terno. Ele não resiste e estica as mãos em sua direcção ao seu amor e ela corresponde-o esticando as mãos luminosas e translúcidas trazendo a ele para o espaço.
Ele não se apercebe que está voando, mas vai flutuando à volta dela com um olhar de gratidão sem deixar a sua mão, vai girando suavemente a volta daquele ser de luz. Só sente amor dentro a transbordar por todos os poros e a secar qualquer dor, angústia, medo, desespero…as sombras no seu interior vão-se dissipando como fumo ao vento.
Ela coloca esse homem no seu colo e lhe acaricia a testa suavemente. O seu olhar vai dizendo palavras que a mente humana ainda não consegue compreender tão suave que lhe embala até ele fechar os olhos e adormece aconchegado e amparado.
Amor de outras vidas deixa os seus afazeres e se abala para o resgate do seu amado, num encontro que durou poucos segundos, mas se fez sentir como horas, e repercutiu nele durante meses.
Ele recupera as suas forças naquele crepúsculo coloca-se em pé, limpa a cara, olha para cima, ve o céu e da meia volta saindo dali, mas com esperança nos olhos e o coração cheio de amor, faz um leve sorriso e murmura:
– Obrigado!
Guiz
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