“Cristina tinha acabado de perceber que a vida afinal não lhe tinha trocado as voltas. Apenas a tinha mandado para o lugar certo na hora certa. Apesar de por vezes não entendermos bem essas coisas quando elas acontecem.
O ser humano insiste em se agarrar à sua percepção do que é suposto ser a Vida e não entende que por vezes a Vida tem mesmo que correr ao sabor da sua corrente. Como um rio. E assim foi com Cristina.
O que lhe parecia ser uma vida trocada, com voltas e reviravoltas a preto e branco, revelou-se um encontro marcado com as cores daquele amanhecer. Foi assim que Cristina chegou a Maputo naquela quarta-feira. Com a certeza de que tudo seria e ficaria diferente a partir dai. Até ela. Afinal, a vida é feita de encontros marcados nos desencontros.”
Começou nesse dia uma viagem de Vida. De crescimento.“
Predispomo-nos a crescer quando aceitamos o encontro que temos marcado no Destino connosco próprios e nos permitimos ter a coragem de fazer a viagem em si e de desvendar qualquer segredo. O de um novo país, de uma nova cultura, o de uma nova Vida… e o Nosso.
Porque Viajante é aquele que sabe que a sua Liberdade vem da sua Verdade, a que está guardada à espera de ser revelada no mais íntimo de si. Aquele que sabe que crescer é saber enfrentar cada memória, reescrever a sua história e perceber que só assim se pode navegar por onde outros caminham.
Viajar é sentir na pele que o Mundo é a nossa casa, onde encontramos a força para caminhar, a coragem para voar e o sentido de amar. Fazer acontecer cada sonho e vivê-lo com todos os sentidos, deixando para trás toda a bagagem que já não nos pertence. Fazer a travessia de cada novo dia sem ficar à espera de um amanhã que poderá nunca chegar. E assim é Crescer.
Saber que a solidão não vive no coração, apenas na razão. E por isso também, aprender a deixar partir quem não veio para ficar. Aprender a perder, pois só quando se sabe perder se pode voltar a ter.
Viaja quem não tem medo de correr riscos e de dar o salto para o desconhecido. Crescem aqueles que sabem que a escuridão precede sempre uma alvorada. E que por isso, ficar no escuro traz uma vida sem sentido.
Ter a coragem de viajar para um Mundo de potencial, felicidade e liberdade. Aprender a ouvir a nossa voz interior e a nunca desistir, mesmo quando nos deparamos com os obstáculos do caminho. Vencer o medo de viver as provações e saber que fazem parte das nossas missões. Porque antes de alcançarmos as nossas maiores vitórias, temos que ultrapassar os nossos maiores desafios.
Viajar é Crescer e saber que todo o nosso contraditório faz parte da nossa rota, aquela que nos leva de regresso ao ponto de origem. Ao nosso Eu.
E assim foi acordar em Maputo. Acordar para uma nova vida e aceitar o futuro como uma viagem. Crescer com o passado e guardá-lo como o sábio que é. Sem mágoa da despedida de tudo o que ficou e que passou. Os capítulos da nossa Vida devem ser como os capítulos dos livros que lemos e que escrevemos em cada acordar. A cada dia. Terminam com cada história, apesar de ficarem escritos. De ficarem vividos.
Acordar em Maputo. Uma nova história. Um novo livro. Uma nova Viagem que trouxe o sentido da descoberta, pronta a ser vivida com cada sentido. Sem medo de Crescer.
O que queremos ser afinal? Viajantes ou Caminhantes? Até onde estamos dispostos a ir e a crescer em cada Viagem?
Sabendo que vivemos, morremos e renascemos quantas vezes nos deixamos partir. Livres.
Cristina Maldonado
(Crédito de fotografia: Cristina Maldonado)
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