A palavra “especulação”, de um modo geral, pode ter os seguintes significados:
– Investigação; análise ou pesquisa teórica sem fundamentos empíricos que se baseia, geralmente, no raciocínio abstracto;
– Pressuposição; suposição acerca de alguma coisa, sem comprovação.
A especulação pode acontecer tanto a um nível mais pessoal, como a um nível social.
A Nível Pessoal
Especular ou tentar “adivinhar” o porquê das pessoas terem agido de determinada maneira, em determinada situação, pode ser altamente perigoso! Mesmo em alguns casos em que já conhecemos bem as pessoas.
Tenho visto muitas pessoas zangarem-se e ficarem aborrecidas umas com as outras, exactamente por causa do facto de assumirem ou especularem as razões das atitudes umas das outras, sem comprovação de que aquilo que pensam constitui verdade.
E muitas vezes, a solução para isto é tão simples quanto:
– perguntar directamente, sem rodeios, à pessoa o motivo pelo qual reagiu assim;
– exercer a escuta activa, que é a capacidade de escutarmos alguém, atentamente, sem termos a necessidade de responder logo depois, interromper a pessoa, ou assumir que já sabemos o que a pessoa vai dizer;
– evitar levar as coisas para o lado pessoal e evitar pensar que tudo o que os outros fazem é para nos atingir.
Contudo, tenho reparado que estes aspectos não têm sido exercidos com muito sucesso e muitos relacionamentos ficam desgastados por causa desta questao.
Embora ainda tenha esta mania de especular, a diferença é que agora estou bem mais consciente que realmente muitas vezes o que parece, pode não ser.
Abaixo, alguns exemplos de situações em que geralmente as pessoas tem mais tendência a especular:
Situação 1:
Mandei uma mensagem via celular a alguém há 20 minutos atrás e a pessoa não me respondeu até agora.
Especulação:
“Puxa, enviei a mensagem a fulano(a) há 20 minutos e nada de resposta. O que se passa? As tantas está zangado(a)! Ou talvez eu tenha feito algo? Hmmm, não me deve querer responder!”
Atenção! A menos que a outra pessoa realmente tenha motivos para estar aborrecido(a) consigo, é perigoso logo pensar que a pessoa não responde porque está zangada ou porque não quer responder. Já pensou que a pessoa pode estar ocupada? Numa reunião, ou a atender a alguém, ou mesmo a conduzir?
Ou as tantas, a pessoa deve ser que nem eu, que tenho uma relação altamente “distante” com o meu celular, principalmente quando me encontro em casa ou num convívio, pois nestes ambientes, o telefone celular realmente deixa de ser uma prioridade para mim. Mas isto nada tem a ver com os outros, tem sim a ver com a minha atitude em relação ao celular.
Nestes casos, a menos que seja algo realmente urgente e importante, espere até que a pessoa responda e caso não o faça, então LIGUE e insista se for algo importante para si.
Situação 2:
Alguém conhecido passa por mim e até olha na minha direcção, mas não me cumprimenta.
Especulação:
“Epa, agora este(a) não me cumprimenta porquê? Está a fazer-se? Tá aborrecido(a)? Que desagradável Vou passar a não cumprimentá-lo(a) também!”
Bem, uma vez mais, a menos que a pessoa tenha algum motivo para não querer cumprimentar-lhe, já pensou que a pessoa naquele momento estivesse com montes de coisas na cabeça por resolver e realmente não o(a) tenha visto? Tente lembrar-se de algum dia em que também você possa ter agido de forma similar com outro alguém, porque estava com a mente ocupada com outras coisas. Estas coisas realmente acontecem, de quando em vez.
Pessoalmente quando ando a pé, muitas vezes não me apercebo que alguém conhecido está perto ou mesmo à minha frente e muitas vezes, a pessoa tem de chamar-me pelo nome para eu aperceber-me e cumprimentá-la. Distracção? Desleixo? Pode ser, mas também pode não ser. Sempre que isto acontece, tente chamar a pessoa pelo nome e veja a reacção, antes de tirar conclusões precipitadas.
A nível Social
Para além da especulação de situações a nível pessoal, existem também as “especulações” mais generalizadas, que também podem ter as suas repercussões.
Um exemplo generalizado seria:
Ver/ouvir uma noticia ou comunicado nos media (acerca de um assunto social, económico ou politico) e partir logo do principio que constitui verdade, sem investigar mais a fundo ou procurar outras fontes.
Esta é uma das formas de especulação mais perigosas que existe, pois um facto inverídico ou mal interpretado que seja espalhado pelos media, redes sociais, etc, pode causar uma grande complicação a nível social, económico e politico.
É verdade que existem medias mais sérios do que outros. Existem muitos factos apresentados pelos media que, realmente, constituem verdade e hoje em dia já há os media alternativos (Internet, Redes Sociais).
De qualquer das formas, é sempre bom termos em mente alguns importantes factores como:
– a media tradicional (TV, Radio, Jornais, etc) é uma grande Indústria, controlada por corporações com “interesses” bem delineados, que permitem que chegue ao público apenas o que lhes interessa;
– os jornalistas são seres humanos e, dependendo da sua conduta, carácter e da situação em que se encontrem, podem ser mais ou menos corruptíveis;
– uma notícia nunca é a VERDADE e sim, a interpretação de uma possível Verdade e toda a interpretação é passível de ser bem, ou mal feita.
Tendo isto em conta, urge começar a desenvolver uma Consciência mais crítica, acerca da forma como os factos são apresentados por qualquer tipo de media (TV, Jornais, Rádios, Revistas, Internet, Redes Sociais, etc), ou por qualquer outro canal através do qual se “espalham” informações. Questione sempre e procure por mais de uma fonte.
A necessidade de especular e ter a sua especulação como certa, pode realmente criar imensas complicações tanto a nível pessoal, com a níveis mais alargados.
Em qualquer uma das situações, seja a nível pessoal, seja a nível social, tenha sempre a atenção de ser critico consigo mesmo e com a forma como interpreta o que ouve ou vê.
A especulação, a nível mais pessoal, pode estar ligada a várias questões internas da pessoa que especula, que talvez precisem de ser trabalhadas.
É perigoso e muito desgastante quando passamos toda a nossa vida a pensar que somos o centro do Universo e que tudo o que os outros fazem é sobre nós e dirigido a nós.
Temos de aprender a ser realistas, maduros e perceber que muitas vezes tiramos conclusões de acordo com a nossa perspectiva daquilo que acreditamos ser a realidade. Mas, a nossa realidade pode não ser a realidade do outro!
Evite especular. Mantenha a Paz de Espírito. A sua Alma e a Humanidade agradecem! 🙂
Abraço Indiko
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