Desde que decidi viver mais plenamente a minha espiritualidade e partilhá-la com o mundo que a pergunta mais recorrente que tenho recebido tem sido: “mas o que significa ser Espiritual? E como consegues conciliar isso com a parte material da Vida?”
Vejo sempre um semblante de estranheza e perplexidade no rosto das pessoas quando surgem questões que tenham a ver com Espiritualidade.
Num artigo anterior, denominado “Mitos sobre a Espiritualidade” apresento algumas ideias que talvez nos ajudem a compreender um pouco o que é esta coisa de “Espiritualidade”.
Mas hoje gostava de falar um pouco sobre a Espiritualidade e o mundo de Negócios e sobre a forma como a Espiritualidade pode ser enquadrada no mesmo.
“A sério? Conciliar Espiritualidade com Negócios? Isso é mesmo possível??”, muitos poderiam perguntar.
Eu diria que, não só é possível, como é necessário! E porquê?
Simples! Sem querer entrar em explicações muito complicadas, podia dizer que:
Espiritualidade é, essencialmente, aprender a conhecer-se a fundo, compreender, aceitar e viver totalmente a ideia de que somos muito mais do que o nosso corpo, as nossas crenças, a nossa educação, o nosso grau académico e experiência profissional, o Sistema no qual estamos envoltos, os nossos hábitos e costumes familiares e até mesmo os nossos relacionamentos. Somos muito mais!
É viver sem medo de ser autêntico, mesmo que isso seja do desagrado de muitos. É ser líder da nossa Vida e saber que somos responsáveis por nós mesmos.
E compreender isto o que faz? No mínimo, permite-nos desenvolver questões como auto-aceitação, amor-próprio, inteligência emocional, mais tolerância para com os outros, mas sem que nos deixemos abusar.
E como é que isto tudo se pode enquadrar no mundo dos negócios? Antes de mais nada, devemos sempre ter em mente que, independentemente do quão rico e bem-sucedido alguém seja, esta pessoa é primeiramente um Ser com sentimentos, sonhos e paixões!
Devemos ter em conta que negócios são feitos por pessoas e têm a marca de pessoas. Devemos perceber que empresas e corporações são feitas e construídas por pessoas (embora haja uma tendência de querer substituir o Ser Humano por máquinas).
Logo, podemos perceber porquê é que há negócios que prosperam e há outros que não resistem muito tempo! Porque as pessoas que estão por detrás dos negócios é que dão vida (ou morte!) aos negócios, através da forma como conduzem os negócios, independentemente das condições à volta.
Um empreendedor, um empresário ou um Gestor que não se conheça a si próprio, que não conheça, nem respeite os seus limites e que não tenha amor-próprio, nunca conseguirá conhecer a sua equipa, ter empatia pela sua equipa e/ou respeitar os limites da sua equipa.
Logo à partida, este empreendedor ou Gestor estará a assinar uma sentença de “morte” para o seu negócio ou empresa e muito provavelmente acabará sozinho, a fazer contas à vida.
Grandes nomes de influência e sucesso no mundo dos negócios, como é o caso de Steve Jobs, Bill Ford (CEO da Ford), Evan Williams (co-fundador da aplicação “Twitter”), Sting, Denzel Washington, Samuel L. Jackson, Oprah Winfrey, Deepak Chopra e aqui em Moçambique, o ex-Presidente da República, Joaquim Chissano são pessoas que muito cedo perceberam que uma vida de sucesso não se faz sem equilíbrio, sem auto-conhecimento e sem auto-controle.
Através do auto-conhecimento, da Meditação e de outras práticas espirituais para o bem-estar, estas figuras encontram o equilíbrio de que precisam para continuarem as suas jornadas e gerirem as suas vidas e negócios, da melhor forma possível!
O mesmo se pode transpor para os negócios: se um Gestor ou Líder, por muito brilhante e bem sucedido que seja, não tiver o mínimo de empatia, auto-controle e inteligência emocional,poderá levar o seu negócio e toda a sua equipa por água abaixo!
Atitudes como: ser positivo, ser resiliente, acreditar em Si e consequentemente, acreditar nos outros, encarar desafios como oportunidades, pensar fora da caixa, ser criativo, proactivo e tirar o melhor proveito de cada situação são atitudes típicas de quem aprendeu a conhecer-se, a trabalhar em Si e a respeitar-se!
E respeitando-se, aprende também a reconhecer e respeitar o valor dos outros. Mas isto nunca será possível se a pessoa estiver demasiado apegada ao seu Ego, às suas crenças e à questões meramente materiais, o que fará com que se torne inflexível, gananciosa e desprovida de bom senso e escrúpulos.
Negócio é para ganhar dinheiro sim (senão não seria negócio!), mas acima de tudo, negócio deve ser a melhor forma que alguém encontra para partilhar com o mundo aquilo que é a sua paixão e os seus dons (senão não passa de um negócio vazio e desprovido de propósito).
Não precisas, necessariamente de obrigar a todos na tua empresa a ficarem em posição de lótus e recitar o mantra “OM”, nem precisas de obrigá-los a fazer yoga ou meditar 30 minutos por dia (se o fizerem de livre e espontânea vontade, tanto melhor!). Não precisas necessariamente de montar um altar em casa ou no escritório, nem andar com roupas especiais para viver a tua essência Espiritual.
A meu ver, a melhor forma de aplicar a Espiritualidade na vida e nos Negócios é: materializar o teu talento natural num negócio, partilhar os teus dons, contribuir para a melhoria da tua vida e a dos outros, reconhecendo sempre o teu potencial infinito, através do auto-conhecimento, da auto-aceitação, do respeito por ti e pelos outros e seres recompensado por isso (seja monetariamente ou de outra forma).
Já bem diz aquela frase: “Não somos Seres Humanos a viver uma experiência espiritual. Somos Seres Espirituais a viver uma experiência humana!”
Será que a Vida deve ser só acordar, trabalhar, pagar contas e pagar contas?
Não! A Vida é muito mais do que isso e se o teu negócio apenas te permite ter dinheiro para pagar contas, pensa bem se estás a fazer o que gostas e o que deverias estar a fazer! “Mas nem sempre é possível fazer o que a gente gosta!” Muitos já me disseram.
A minha questão é: acreditas mesmo nisso? Então se acreditas, essa será a tua realidade. Contudo, se acreditas que podes muito mais, então, vais sim conseguir, tudo o que quiseres, desde que estejas disposto(a) a trabalhar para isso!
Bons Negócios. Bom retorno à Vossa/Nossa Essência!
Namasté
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